quarta-feira, 7 de novembro de 2018

É o prego que espera o martelo!!!!

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Na vida turbulenta da cidade, por volta dos anos 2000, os olhos de todos estão voltados para a vida de um jovem casal – Luciana e Pedro.
Conheceram-se quando crianças em uma escola no Ensino Fundamental.
Faziam parte do mesmo grupo de amigos, entretanto o sentimento que vivia neles era somente de amizade. Passavam a semana esperando que pudessem se reunir no sábado para brincar, lanchar e se divertir com a mais pura inocência que uma criança deve possuir.
Como de costume a vida impõe necessidades e, então, os caminhos das pessoas, por vezes, tornam-se distantes. Mas, para esse casal, especificamente, algum tempo depois os rumos da vida fizeram com que tivessem novos encontros. Agora com um pouco mais de idade, Luciana com os cabelos platinados e Pedro com barba grande, ambos com aproximadamente 20 anos. Jovens ainda.
Com mais experiência sobre a vida, saídos de outros relacionamentos, Luciana e Pedro permitiram-se ser tocados por um novo sentimento além da amizade.
Saíram juntos para diversos lugares até que decidiram então iniciar um namoro concretizado por uma aliança de compromisso. Luciana relutara um pouco quando Pedro em uma lanchonete ofereceu-lhe o anel, mas logo incorporou aquela delicadeza em sua pele. Pedro sorriu, como aqueles que estão felizes riem.
A vida de Pedro tinha mudado um pouco em relação à sua fé.
Pedro encontrara um monge que vivia no interior da cidade. Em um lugar que os sons existentes são somente os da natureza, em que tudo gira em torno da natureza, ou seja, um lugar em que a natureza é tratada como eixo essencial da vida.
Pedro era o seu discípulo há uns 6 anos a essa altura. Alguns dos discípulos desse monge possuíam a missão de serem “avatares” da natureza. Entenda avatar como um ser que possui a capacidade de materializar em si uma porção da natureza com a intenção de propagar a paz e o amor ao próximo.
Esses discípulos em preparação precisam, na maioria das vezes, abdicar de muitas rotinas comuns com a finalidade de que percebam e entendam qual, de fato, é a sua missão. Além disso, dependendo da intensidade da sua missão espiritual, a ligação entre discípulo e monge é muito forte. Ao ponto de transcender qualquer outra relação. Principalmente, quando o discípulo tem a missão de dar continuidade à missão do monge.
Luciana, inicialmente, por motivos sentimentais, isto é, em prol da relação de amor que vivia com Pedro, começou a acompanha-lo em suas visitas ao templo localizado no interior da cidade para tentar entender toda essa situação que parece ser muito mais complexa do que de fato é.
Lá Luciana teve a oportunidade de conversar com várias porções da natureza materializadas no monge. Começou um trabalho de redefinição do seu próprio eu. Chorou, sorriu, se encontrou, desencontrou e reencontrou-se.
Luciana gostava de fazer parte daquilo indiretamente. Sempre muito prestativa, ajudava na manutenção do templo (limpeza, organização e tudo mais) desde que permitida.
Em uma sexta feira à noite, Luciana disse ao Pedro que gostaria de sair com ele e seus amigos para dançar e conversar um pouco.
Pedro disse: “Não posso amor, amanhã preciso ir de encontro ao monge para continuar o meu ritual de preparação.”
Luciana sorriu e respondeu: “Sem problemas amor, vamos deixar para amanhã.”
No dia seguinte Luciana acompanhou Pedro em sua missão e ao terminar seu coração já se enchia de alegria. Afinal de contas, eles iriam sair naquele dia para aproveitar um pouco. Já estava tudo combinado. Iriam encontrar os amigos em um restaurante para conversar um pouco e lá decidiram o que fazer a posteirori.
Ao terminar o ritual, voltaram para casa e Luciana falou: “Amor, vamos tomar banho pra sair, né?”
E Pedro respondeu: “Não amor, estou muito cansado hoje. Pensemos em outra oportunidade!”
Luciana sorriu, fez sinal de que entendera a situação e descansou.
Essa situação foi recorrente durante um generoso período.
Luciana entendia todas as questões, mas ao mesmo tempo sentia que aquele relacionamento era difícil. Pensava, inclusive, ser muito difícil ter que abdicar da vida dela também em virtude do seu amor.
Durante um bom tempo, Luciana conversava com seus amigos, com o monge, e fazia questão de enfatizar que aquela situação vivida por eles (o casal), era muito pior do que a vivida pelos outros discípulos do monge.
O monge ouvia as palavras de Luciana e sempre respondia: “Minha filha, você acabou de chegar à vida de Pedro, você começou a frequentar nosso templo sagrado como acompanhante do seu namorado há pouco tempo, portanto, não tem condições de afirmar o quão difícil é a missão de cada um que daqui faz parte. Você está sendo afobada. Lembre que o prego sempre espera o martelo e não o contrário.
Luciana sempre ouviu bem o monge.
O monge deixara Luciana a vontade para conversar com ele sem muitos critérios. No entanto, o que Luciana ainda não sabia era como lidar com essa situação que se mostrava cada vez mais intensa e, portanto, difícil!
Luciana com tudo isso se sentia bem por oportunizar ao seu companheiro a felicidade de acompanha-lo em suas missões.
O que Luciana não sabia era como lidar com essa situação que se mostrava cada vez mais intensa e, portanto, difícil!
Luciana dizia tentar entender de fato a situação, mas não conseguia porque sua relação com a espiritualidade proferida pelo monge era superficial.
Luciana tentava, o que Luciana não sabia era como lidar com essa situação que se mostrava cada vez mais intensa e, portanto, difícil!
Luciana ajudava na missão de Pedro, mas qual era a missão de Luciana, pensava.
Luciana pensava muito sobre isso. O que Luciana não sabia era como lidar com essa situação que se mostrava cada vez mais intensa e, portanto, difícil!
Certa vez, já bem desesperada com toda essa situação, em um momento em que o monge fazia-se um avatar das águas e que Pedro era o avatar da guerra, Luciana olha para o seu corpo e vê seu corpo mudando de cor. Sua pele branca reluzia muitas cores, Seu coração estava disparado, sua mente confusa, suas pernas dormentes e seu corpo trêmulo e essas sensações intensificaram-se até que ela se transforma em um lindo arco íris.
Sem entender muito aquela vivência ela chora ao retomar os sentidos e pergunta ao monge, o que houve???
E ele responde:
“Essa é a resposta que tanto procura Luciana.
Você não precisou abdicar da sua vida em função da missão do Pedro. Você veio através da missão de Pedro cumprir o seu chamado. E o seu chamado é também ser um avatar. O avatar da renovação dos ciclos. O arco íris é a representação natural dessa renovação, na nossa fé.
Atente-se a duas verdades Luciana:
1) Ninguém cumpre a missão do outro!
2)Aguarde que muitos acontecimentos, ainda, estão previstos na sua vida e no seu desenvolvimento espiritual.”
Luciana, sorriu com lágrimas nos olhos e agradeceu. E o monge complementou:
“Luciana, não esqueça: é o prego que espera o martelo.”





quarta-feira, 24 de outubro de 2018

E continuamos aqui na luta....



Como a maioria dos meus amigos sabe, sou professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Sabe também que fui aluno de graduação (Licenciatura em Química) da mesma instituição e campus no qual atuo como professor de Química e Ensino de Química.
Ensino de Química trata de questões relacionadas à educação. Essa relação entre Educação e Ensino é muito mais densa do que se imagina. E isso, às vezes é um problema. Alguns têm dificuldade de enxergar essa relação.
Atuo além do nível médio, na graduação, especificamente, na licenciatura em Química, mais específico ainda, na formação de futuros professores que atuarão na educação básica.
Educação básica compreende educação infantil, fundamental e médio pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Lei que norteia a educação em nosso país.
O problema é que existem pessoas que não sabem muito sobre a LDB, sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais, sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais, sobre as teorias da educação que fundamentam  o fazer pedagógico do professor, independente da sua formação específica.
Segundo esses documentos o professor, independente da disciplina que leciona, deve formar na educação básica um cidadão que tenha criticidade, isto é, a disciplina específica (química, matemática, física...) é um recurso de formação integral do aluno.
Formação integral que também é um conceito da educação, desconhecido por muitos, refere-se à formação do alunos nas mais diversas perspectivas, inclusive formação para o mundo do trabalho, em caso de educação técnica. Mas o trabalho aqui deve ser tratado a partir do princípio pedagógico.
E aí, também é necessário estudar um pouco sobre isso.
Alguns também desconhecem a necessidade de ler alguns documentos sem esquecer as entrelinhas. O professor precisa ler o que não está escrito, sabe?
Há pouco tempo participei de uma mesa redonda no IFRJ sobre a nova Base Nacional Comum Curricular como palestrante.
Li o documento todo. Reli o documento todo. Li as entrelinhas. Reli as entrelinhas.
A BNCC para o Ensino Médio ainda não foi homologada, mas “muitas” discussões estão acontecendo em torno deste tema.
A Reforma do Ensino Médio também tem sido alvo de discussões.
Só para esclarecer a reforma e a base são documentos diferentes, mas que estão intrinsicamente relacionados.
A base trata do ensino por competências. Leia competências como INSTRUMENTALIZAÇÃO DO ENSINO.
A reforma trará a MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO. O mercado de trabalho será responsável por traçar o perfil do aluno que devemos formar. Isso está certo?
Há pouco foi publicada uma carta com consulta pública que trata desses temas, após um seminário que aconteceu em setembro.
E lá, nas entrelinhas, diz tudo o que relato nesse texto.
Há sim uma tentativa de desmonte dos Institutos Federais.
Se como IF só pudermos oferecer o itinerário formativo da educação profissional significa que seremos impossibilitados de formar o aluno integralmente. Haverá uma ruptura com a identidade dos IFs, fazendo com que os cursos de graduação, também, não sejam mais oferecidos por nós.
Há muitas outras consequências...
E eu, como professor, educador e alguém que pensa e pesquisa a educação não posso fingir que nada está acontecendo.
Não posso negar ao meu aluno o direito de conhecer essas perspectivas.
Mas, Victor, será que isso tudo que você está falando vai acontecer? Não está escrito em lugar algum!
Primeiro, está escrito sim – nas entrelinhas.
Não posso afirmar que isso tudo vai acontecer e no que depender de mim, da minha resistência, não vai acontecer não, mas convido você professor, futuro professor, cidadão a tentar traçar um panorama da educação desde o impedimento da Dilma, quer dizer, do golpe de 2016.
Mas oh, só vale um panorama com fundamentação, tá?

Beijos no coração.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Feliz dia do professor, do mestre, do educador....



Já, várias vezes, escrevi sobre o que sinto em ser professor, na verdade, educador. Há muito pesquiso sobre a formação docente. Sobre os fatores que influenciam a formação e mais precisamente sobre os saberes necessários (acadêmicos e experienciais) para atuar com dignidade como docente e prover dignidade aos alunos que passar por nós. Mais precisamente, pesquiso, atualmente, sobre a construção da identidade docente tanto do professor no exercício das suas funções quanto do professor em formação, nos cursos de licenciatura.
Há muito entendo que o ato pedagógico não é só importante como essencial para o fortalecimento da sociedade como um pilar da vida. Há muito tento entender qual é o papel do professor nos dias atuais em um período pós-industrial em um país periférico. Há muito me debruço nos livros e textos de artigos científicos para estudar sobre como formar um cidadão que esteja apto a ser inserido em uma sociedade. Um cidadão com criticidade, obviamente.
Há muito uso a Química como recurso de formação desse cidadão. Há muito reflito sobre quais são as necessidades daquele ser humano que está em sala de aula comigo. Há muito leio Paulo Freire tentando exorcizar a pedagogia do oprimido das escolas e da comunidade escolar e tento instalar a pedagogia da autonomia.
Há muito como professor tenho sempre bastante a dizer, mas tenho muito mais a ouvir daqueles que muita das vezes não tem voz em casa. Ah, mas na minha sala de aula, quem ocupa o lugar de fala são os meus alunos. Eu, escuto, incito o pensamento crítico e faço a mediação no processo de construção do conhecimento científico quando ciência é tudo que se dá através de um método.
Há muito leciono baseado em minhas convicções, porém ao mesmo tempo em que há muito leciono, aprendo baseado nas convicções dos meus alunos.
Há muito tento tornar minha sala de aula um local democrático, assim como deveria ser a sociedade.
Há muito escuto de pais que a escola é um local de doutrinação ideológica e que os filhos deles não devem se submeter a isso. E quando esses pais viram as costas, seus filhos, meus alunos, pedem desculpa a mim por ter que ouvir isso.
Há muito escuto dos meus alunos que o melhor lugar pra eles é na escola, dentro de sala e que eles não querem voltar para casa. E acreditem são os filhos dos pais que gritam o provimento da educação tradicional.
Há muito tentam amordaçar os professores com argumentos sem sentidos. Há muito, RESISTO!
Há muito percebo que as pessoas não entendem o que se faz na educação pública.
Há muito sinto os colegas de profissão se responsabilizar por erros que não são seus.
Há muito percebo a manutenção do sistema pela mídia e grandes empresários.
Agora, vejo a tal reforma do ensino, ser enaltecida por muitos. Mas, percebo que eles não entendem que tudo se trata da privatização do ensino público. De entregar a educação na mão dos grandes empresários. E que isso se trata de instrumentalizar o ensino. De conferir ao ensino o caráter meramente pragmático. E que isso reforça a divisão entre o fracasso do pobre e o sucesso do rico.
Não entendem que a elite continuará tendo acesso ao ensino superior e que os pobres, as minorias, continuarão sendo formados como mão de obra barata para apertar botões, simplesmente.
E as minorias não acordam porque não se permitem escutar o que nós professores temos a dizer.
Não, nós não somos os que doutrinam. O sistema doutrina. O que nós, professores, fazemos, é tentar mostrar a manipulação e nadar contra a doutrinação.
Há muito escrevo sobre o que é ser professor com felicidade. Hoje, nesse prenúncio de possíveis tempos sombrios, o sentimento que me move é a RESISTÊNCIA.
Eu sou professor e ainda creio que não entregaremos o nosso país na mão de quem quer nos destruir e implantar um regime não democrático.
Eu sou professor e continuarei dando a melhor formação possível para as “crianças” que passam por mim. Entendam crianças, como alunos do ensino médio e universitários, futuros professores.
Eu sou professor e não doutrino.
Eu sou professor e não domo.
Eu sou professor e não categorizo.
Eu sou professor e não diferencio.
Eu sou professor e não prendo almas.
Eu, ah , eu LIBERTO pessoas.
E sim, talvez seja pra você que lê esse texto seja um absurdo eu dizer que LIBERTO alguém. Talvez pra você que lê esse texto, falte humildade da minha parte, mas deixa eu te dizer uma coisa:

- Não falta não. Quer entender?
- Porque estudei muito e continuo estudando. Estudei a educação e a pedagogia no processo sócio-histórico, estudei qual é o papel da escola como instituição educativa, estudei trabalho como princípio pedagógico e não no sentido pragmático. Ah, como eu estudo.....

E você?

FELIZ DIA DOS MESTRES!

#Haddadsim #haddad13