sábado, 9 de julho de 2016

Caverna pra quem?!

Olá, meu nome é Astolfo, sou um garoto de 12 anos,  de classe média baixa, estudante, levado e muito curioso.  Minha mãe vive brigando comigo porque minhas notas não estão muito boas.  Normalmente fico na média e em algumas disciplinas minhas notas são realmente baixas.  
Matemática é um castigo pra mim. Ai, tenho que ficar  resolvendo um monte de contas, dividindo números com vírgula, isso é além de difícil, muito chato na minha opinião! 
Eu gosto mesmo é da hora do recreio, de correr de um lado pro outro no pátio, olhar as folhas das árvores balançando com o vento, ver os passarinhos  beberem água e tudo mais. Eu gosto de observar tudo. 
Eu sei contar,  sei calcular quanto custa o meu biscoito preferido e sei também o quanto minha mãe gasta pra comprar feijão.  Lá em casa esse  mês não teve feijão. E sei que isso significa que está caro.  Está fora do que minha mãe pode comprar.  
Minha mãe é secretaria de um consultório médico.  Ela sempre me diz que preciso estudar pra conseguir ir pra faculdade e ter um emprego que me pague um salário bom. Diz que eu posso ser engenheiro, advogado, médico.... 
Mas,  eu gosto mesmo  é de brincar na rua,  observar  quem sobe e desce, gosto de ouvir as conversas entre mãe, pai, marido, crianças... 
Ah! Eu gosto de escrever.  Gosto de ler  também.  Gosto de fazer frases que rimam umas com as outras. 
Mas minha insiste em me mandar ir pro colégio e fazer os deveres de matemática pra melhorar a minha nota. 
Ontem eu fiz tudo que  minha mãe mandou  e fui pro quarto pra escrever, ouvir o barulho do vento contra a janela,  o barulho da água da chuva escorrendo pelo telhado e por ai vai.  
Estava deitado na cama quando de repente peguei no sono e tive um sonho.  
Sonhei que vivia em uma cidade pequena e lá tinha uma caverna com somente uma entrada e outra saída.   Não tinha janelas.   As pessoas que viviam lá precisavam entrar nessa caverna todos os dias durante alguns anos. 
Nessa cidade as pessoas nasciam com formas geométricas na cabeça, algumas nasciam com um triângulo na cabeça, outras com cilindro,  outras com cubo.... 
O moço que tomava conta da caverna tinha um quadrado no lugar da cabeça. 
Eu fiquei observando aquilo tudo.  As pessoas entravam na caverna,  ficavam por lá umas  4h, e quando saiam a figura geométrica da cabeça ia modificando-se.   Eu percebi que as pessoas tinham que frequentar a caverna durante  8 anos por 4 horas a cada dia.   
Eu tive a oportunidade de ver um grupo que estava em seu último ano de frequência a caverna.  
E,  não sei porque, mas achei muito estranho,  que depois dos  8 anos todos que saiam estavam com a forma do quadrado na cabeça.  Igual ao moço que toma conta da caverna. 
Fiquei assustado.  Sei lá.  Isso me lembrou sabe o que? A escola.... 
Acordei com a certeza que não quero ir à escola.  Eu quero ser poeta,   mas a escola não valoriza as inteligências múltiplas. Eu não quero sair com a cabeça quadrada da caverna!   
Acho q vou montar uma caverna pra mim.  Mas nela vão existir muitas janelas e muitos espaços vazios.  
Vou deixar que cada um que frequente a caverna, ocupe o espaço com que achar melhor. 
Eu acho que  não sou muito inteligente, mas tenho um sentimento recorrente de que ninguém sabe tratar de gente. 
E por isso eu reluto e por valorizar a educação me ponho em luto!