Acordei hoje
ainda consternado sobre alguns acontecimentos de ontem. O que me veio
primeiramente à cabeça foi:
“Preciso atualizar meu blog!
Em meio de
algumas solicitações de texto feito pelos queridos amigos que me acompanham, só
o que aconteceu ontem martelava recorrentemente em minha mente. Preciso
escrever sobre isso, mas.....
Preciso escrever
sobre isso, mas ....
Preciso escrever
sobre isso, mas não tenho CORAGEM e ÂNIMO!”
Mas, o que
aconteceu especificamente ontem?
Vamos por parte.
Resolvi
aproveitar o dia ontem para descansar e desconectar-me do mundo virtual. Deixei
meu celular de lado e fui à praia com a família. Foi extremamente prazeroso. Na
volta, resolvemos assistir um filme e jantar. Enquanto a comida ainda não
estava pronta a televisão foi ligada e a votação sobre o famoso IMPEDIMENTO
estava acontecendo.
Isso acontecera
na casa do meu irmão. E então eu disse: “Ah não! Não quero ver isso!”
- Espera um
pouco. Assim que a comida estiver pronta desligamos a TV e assistiremos ao
filme.
- “Ok!”
Aquilo me
parecia o circo dos horrores – a VOTAÇÃO
Aquilo me
parecia surreal!
Era só um momento
historicamente importante e a maioria dos caríssimos deputados estavam se
sentindo no programa da Xuxa – Quero mandar um beijo para minha mãe, meu pai,
minha avó e um especialmente pra você!
Não estou aqui
julgando a opinião de ninguém! Você pode ser a favor ou contra o que quiser. Eu
não sou obrigado a concordar com você e nem você comigo!
Não quero saber
se você esteve atento às suas aulas de História no Ensino Fundamental e Médio.
Eu sei que eu
estive. E por isso não quero falar sobre a sua escolha.
Na verdade,
penso ser isso um dos motivos que me traz a falta de coragem para escrever: Eu
tive aulas de história do Brasil.....
Mas, enfim,
jantei, vi um filme bem bacana, voltei para o meu lar e resolvi dar uma olhada
no celular. E em um dos grupos dos quais sou participante tive a infeliz
oportunidade de ler uma mensagem muito triste, aliás, quase desesperadora.
Como a maioria
sabe, sou professor do Colégio Pedro II e lá trabalho com o Ensino Médio e com
o PROEJA – modalidade de ensino para jovens e adultos com certificação técnica.
A maioria dos
alunos que fazem parte desse segmento no Campus onde eu trabalho é adulta e
vive em comunidades.
Tenho uma aluna
desde o ano passado que costumava levar sua filha adolescente para o colégio
para que não ficasse em casa sozinha em virtude da crescente violência na
comunidade em que vive.
No último
sábado, minha aluna, diarista, trabalhou na parte da manhã e ao chegar a casa
deparou-se com sua filha de 14 anos amarrada com sinais de tortura. A menina
não conseguiu chegar ao hospital com vida.
Naquele momento,
certamente, duas vidas foram interrompidas. A primeira, de fato, física e a
segunda, emocional, da sua mãe.
Pedir a essa mãe
que tenha força pra continuar soa tão impossível quanto pedir a alguém que se
refira ao Golpe militar como um ato heroico pra que tenha discernimento sobre o
que é democracia.
E por fim,
permeiam em minha mente não só esses dois tristes acontecimentos, mas principalmente
eles. Eles que me tiraram a força de escrever, de levantar pra ir trabalhar,
pra discutir, pra educar, pra gerir, pra trocar, pra.....
O que estamos
fazendo e pra qual lugar estamos indo?
Sair pra
trabalhar, estudar ou fazer qualquer coisa rotineiramente normal é quase que
assinar uma sentença de morte.
Não sabemos se
vamos voltar, não sabemos se vamos ser IMPEDIDOS!
Eu não sei
exatamente o que fazer, eu só sei que não posso desistir.
Não posso
desistir de escrever!
Não posso
desistir de fazer a ida dos meus alunos ao colégio ser relevante!
Não posso
desistir da sociedade!
Não posso
desistir da democracia!
Não posso
desistir de pedir ao coleguinha que não bata panelas!
Não posso
desistir de acreditar que a educação formal e não formal são os requisitos de
um país rico e democrático!
Não posso
desistir! Só estou tentando encontrar uma maneira de me convencer disso.
À minha aluna,
deixo todos os meus melhores sentimentos por sua perda!
Ao meu país,
deixo todos os meus melhores sentimentos por sua perda!
Ao meus
seguidores, peço desculpas por um texto não tão bacana dessa vez!
Até a próxima
amigos!