Já,
várias vezes, escrevi sobre o que sinto em ser professor, na verdade, educador.
Há muito pesquiso sobre a formação docente. Sobre os fatores que influenciam a
formação e mais precisamente sobre os saberes necessários (acadêmicos e
experienciais) para atuar com dignidade como docente e prover dignidade aos
alunos que passar por nós. Mais precisamente, pesquiso, atualmente, sobre a
construção da identidade docente tanto do professor no exercício das suas
funções quanto do professor em formação, nos cursos de licenciatura.
Há
muito entendo que o ato pedagógico não é só importante como essencial para o
fortalecimento da sociedade como um pilar da vida. Há muito tento entender qual
é o papel do professor nos dias atuais em um período pós-industrial em um país
periférico. Há muito me debruço nos livros e textos de artigos científicos para
estudar sobre como formar um cidadão que esteja apto a ser inserido em uma
sociedade. Um cidadão com criticidade, obviamente.
Há
muito uso a Química como recurso de formação desse cidadão. Há muito reflito
sobre quais são as necessidades daquele ser humano que está em sala de aula comigo.
Há muito leio Paulo Freire tentando exorcizar a pedagogia do oprimido das
escolas e da comunidade escolar e tento instalar a pedagogia da autonomia.
Há
muito como professor tenho sempre bastante a dizer, mas tenho muito mais a
ouvir daqueles que muita das vezes não tem voz em casa. Ah, mas na minha sala
de aula, quem ocupa o lugar de fala são os meus alunos. Eu, escuto, incito o
pensamento crítico e faço a mediação no processo de construção do conhecimento científico
quando ciência é tudo que se dá através de um método.
Há
muito leciono baseado em minhas convicções, porém ao mesmo tempo em que há
muito leciono, aprendo baseado nas convicções dos meus alunos.
Há
muito tento tornar minha sala de aula um local democrático, assim como deveria
ser a sociedade.
Há
muito escuto de pais que a escola é um local de doutrinação ideológica e que os
filhos deles não devem se submeter a isso. E quando esses pais viram as costas,
seus filhos, meus alunos, pedem desculpa a mim por ter que ouvir isso.
Há
muito escuto dos meus alunos que o melhor lugar pra eles é na escola, dentro de
sala e que eles não querem voltar para casa. E acreditem são os filhos dos pais
que gritam o provimento da educação tradicional.
Há
muito tentam amordaçar os professores com argumentos sem sentidos. Há muito,
RESISTO!
Há
muito percebo que as pessoas não entendem o que se faz na educação pública.
Há
muito sinto os colegas de profissão se responsabilizar por erros que não são
seus.
Há
muito percebo a manutenção do sistema pela mídia e grandes empresários.
Agora,
vejo a tal reforma do ensino, ser enaltecida por muitos. Mas, percebo que eles
não entendem que tudo se trata da privatização do ensino público. De entregar a
educação na mão dos grandes empresários. E que isso se trata de instrumentalizar
o ensino. De conferir ao ensino o caráter meramente pragmático. E que isso
reforça a divisão entre o fracasso do pobre e o sucesso do rico.
Não
entendem que a elite continuará tendo acesso ao ensino superior e que os
pobres, as minorias, continuarão sendo formados como mão de obra barata para
apertar botões, simplesmente.
E
as minorias não acordam porque não se permitem escutar o que nós professores
temos a dizer.
Não,
nós não somos os que doutrinam. O sistema doutrina. O que nós, professores,
fazemos, é tentar mostrar a manipulação e nadar contra a doutrinação.
Há
muito escrevo sobre o que é ser professor com felicidade. Hoje, nesse prenúncio
de possíveis tempos sombrios, o sentimento que me move é a RESISTÊNCIA.
Eu
sou professor e ainda creio que não entregaremos o nosso país na mão de quem
quer nos destruir e implantar um regime não democrático.
Eu
sou professor e continuarei dando a melhor formação possível para as “crianças”
que passam por mim. Entendam crianças, como alunos do ensino médio e
universitários, futuros professores.
Eu
sou professor e não doutrino.
Eu
sou professor e não domo.
Eu
sou professor e não categorizo.
Eu
sou professor e não diferencio.
Eu
sou professor e não prendo almas.
Eu,
ah , eu LIBERTO pessoas.
E
sim, talvez seja pra você que lê esse texto seja um absurdo eu dizer que
LIBERTO alguém. Talvez pra você que lê esse texto, falte humildade da minha
parte, mas deixa eu te dizer uma coisa:
-
Não falta não. Quer entender?
-
Porque estudei muito e continuo estudando. Estudei a educação e a pedagogia no
processo sócio-histórico, estudei qual é o papel da escola como instituição educativa,
estudei trabalho como princípio pedagógico e não no sentido pragmático. Ah,
como eu estudo.....
E
você?
FELIZ
DIA DOS MESTRES!
#Haddadsim
#haddad13
De fato o meu lugar de fala não é de educadora ou de quem tem formação superior. Mas daqui, do meu humilde lugar de fala, eu digo que não e sinto só quando leio suas palavras de resistência. Nelas encontro o apoio e a coragem para seguir na luta e não desistir.
ResponderExcluirResistir!
Feliz dia do mestre, meu querido!
#Haddadsim
#Haddadé13
Querida Aline, para ocupar determinado lugar de fala não é necessário ser. É necessário ter empatia, e isso, certamente, você tem.
ExcluirObrigado pelas palavras.
Beijos no coração
Parabéns pelo dia dos professores, parabéns por ser esse professor que és, parabéns por esse texto. Resumindo vc esta de parabéns por tudo isso e obrigado por me dar a oportunidade de me sentir orgulhosa de ter um filho como vc.
ResponderExcluirEu que agradeço a oportunidade de ter sido construído por pais maravilhosos.
ExcluirTe amo mãe.
Beijosss no coração