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Na
vida turbulenta da cidade, por volta dos anos 2000, os olhos de todos estão
voltados para a vida de um jovem casal – Luciana e Pedro.
Conheceram-se
quando crianças em uma escola no Ensino Fundamental.
Faziam
parte do mesmo grupo de amigos, entretanto o sentimento que vivia neles era
somente de amizade. Passavam a semana esperando que pudessem se reunir no
sábado para brincar, lanchar e se divertir com a mais pura inocência que uma
criança deve possuir.
Como
de costume a vida impõe necessidades e, então, os caminhos das pessoas, por vezes,
tornam-se distantes. Mas, para esse casal, especificamente, algum tempo depois
os rumos da vida fizeram com que tivessem novos encontros. Agora com um pouco
mais de idade, Luciana com os cabelos platinados e Pedro com barba grande,
ambos com aproximadamente 20 anos. Jovens ainda.
Com
mais experiência sobre a vida, saídos de outros relacionamentos, Luciana e
Pedro permitiram-se ser tocados por um novo sentimento além da amizade.
Saíram
juntos para diversos lugares até que decidiram então iniciar um namoro
concretizado por uma aliança de compromisso. Luciana relutara um pouco quando Pedro
em uma lanchonete ofereceu-lhe o anel, mas logo incorporou aquela delicadeza em
sua pele. Pedro sorriu, como aqueles que estão felizes riem.
A
vida de Pedro tinha mudado um pouco em relação à sua fé.
Pedro
encontrara um monge que vivia no interior da cidade. Em um lugar que os sons
existentes são somente os da natureza, em que tudo gira em torno da natureza,
ou seja, um lugar em que a natureza é tratada como eixo essencial da vida.
Pedro
era o seu discípulo há uns 6 anos a essa altura. Alguns dos discípulos desse
monge possuíam a missão de serem “avatares” da natureza. Entenda avatar como um
ser que possui a capacidade de materializar em si uma porção da natureza com a
intenção de propagar a paz e o amor ao próximo.
Esses
discípulos em preparação precisam, na maioria das vezes, abdicar de muitas
rotinas comuns com a finalidade de que percebam e entendam qual, de fato, é a
sua missão. Além disso, dependendo da intensidade da sua missão espiritual, a
ligação entre discípulo e monge é muito forte. Ao ponto de transcender qualquer
outra relação. Principalmente, quando o discípulo tem a missão de dar
continuidade à missão do monge.
Luciana,
inicialmente, por motivos sentimentais, isto é, em prol da relação de amor que
vivia com Pedro, começou a acompanha-lo em suas visitas ao templo localizado no
interior da cidade para tentar entender toda essa situação que parece ser muito
mais complexa do que de fato é.
Lá
Luciana teve a oportunidade de conversar com várias porções da natureza
materializadas no monge. Começou um trabalho de redefinição do seu próprio eu.
Chorou, sorriu, se encontrou, desencontrou e reencontrou-se.
Luciana
gostava de fazer parte daquilo indiretamente. Sempre muito prestativa, ajudava
na manutenção do templo (limpeza, organização e tudo mais) desde que permitida.
Em
uma sexta feira à noite, Luciana disse ao Pedro que gostaria de sair com ele e
seus amigos para dançar e conversar um pouco.
Pedro
disse: “Não posso amor, amanhã preciso ir de encontro ao monge para continuar o
meu ritual de preparação.”
Luciana
sorriu e respondeu: “Sem problemas amor, vamos deixar para amanhã.”
No
dia seguinte Luciana acompanhou Pedro em sua missão e ao terminar seu coração
já se enchia de alegria. Afinal de contas, eles iriam sair naquele dia para
aproveitar um pouco. Já estava tudo combinado. Iriam encontrar os amigos em um
restaurante para conversar um pouco e lá decidiram o que fazer a posteirori.
Ao
terminar o ritual, voltaram para casa e Luciana falou: “Amor, vamos tomar banho
pra sair, né?”
E
Pedro respondeu: “Não amor, estou muito cansado hoje. Pensemos em outra oportunidade!”
Luciana
sorriu, fez sinal de que entendera a situação e descansou.
Essa
situação foi recorrente durante um generoso período.
Luciana
entendia todas as questões, mas ao mesmo tempo sentia que aquele relacionamento
era difícil. Pensava, inclusive, ser muito difícil ter que abdicar da vida dela
também em virtude do seu amor.
Durante
um bom tempo, Luciana conversava com seus amigos, com o monge, e fazia questão
de enfatizar que aquela situação vivida por eles (o casal), era muito pior do
que a vivida pelos outros discípulos do monge.
O
monge ouvia as palavras de Luciana e sempre respondia: “Minha filha, você
acabou de chegar à vida de Pedro, você começou a frequentar nosso templo
sagrado como acompanhante do seu namorado há pouco tempo, portanto, não tem
condições de afirmar o quão difícil é a missão de cada um que daqui faz parte.
Você está sendo afobada. Lembre que o prego sempre espera o martelo e não o
contrário.”
Luciana
sempre ouviu bem o monge.
O
monge deixara Luciana a vontade para conversar com ele sem muitos critérios. No
entanto, o que Luciana ainda não sabia era como lidar com essa situação que se
mostrava cada vez mais intensa e, portanto, difícil!
Luciana
com tudo isso se sentia bem por oportunizar ao seu companheiro a felicidade de
acompanha-lo em suas missões.
O
que Luciana não sabia era como lidar com essa situação que se mostrava cada vez
mais intensa e, portanto, difícil!
Luciana
dizia tentar entender de fato a situação, mas não conseguia porque sua relação
com a espiritualidade proferida pelo monge era superficial.
Luciana
tentava, o que Luciana não sabia era como lidar com essa situação que se
mostrava cada vez mais intensa e, portanto, difícil!
Luciana
ajudava na missão de Pedro, mas qual era a missão de Luciana, pensava.
Luciana
pensava muito sobre isso. O que Luciana não sabia era como lidar com essa
situação que se mostrava cada vez mais intensa e, portanto, difícil!
Certa
vez, já bem desesperada com toda essa situação, em um momento em que o monge fazia-se
um avatar
das águas e que Pedro era o avatar da guerra, Luciana olha para
o seu corpo e vê seu corpo mudando de cor. Sua pele branca reluzia muitas
cores, Seu coração estava disparado, sua mente confusa, suas pernas dormentes e
seu corpo trêmulo e essas sensações intensificaram-se até que ela se transforma
em um lindo arco íris.
Sem
entender muito aquela vivência ela chora ao retomar os sentidos e pergunta ao
monge, o que houve???
E
ele responde:
“Essa
é a resposta que tanto procura Luciana.
Você
não precisou abdicar da sua vida em função da missão do Pedro. Você veio
através da missão de Pedro cumprir o seu chamado. E o seu chamado é também ser
um avatar. O avatar da renovação dos ciclos. O arco íris é a representação
natural dessa renovação, na nossa fé.
Atente-se
a duas verdades Luciana:
1)
Ninguém cumpre a missão do outro!
2)Aguarde
que muitos acontecimentos, ainda, estão previstos na sua vida e no seu
desenvolvimento espiritual.”
Luciana,
sorriu com lágrimas nos olhos e agradeceu. E o monge complementou:
“Luciana, não esqueça: é o prego que espera o martelo.”