Ela, aquela
menininha de 7 anos, Aurora, corria atrás de uma borboleta que sobrevoava o
jardim de sua casa, enquanto seu avô contava entusiasmado suas memórias e
peripécias para os familiares na varanda.
Entre um tropeço
e outro Aurora observava o sorriso do seu avô e tentava agarrar aquela
borboleta colorida e ligeira. Queria ficar com ela pra sempre. Afinal, o
bichinho era lindo!
Depois de muita
persistência e tentativas, finalmente, a borboleta já não tinha mais todo o
jardim para voar. Na verdade, não tinha nada além de uma caixa de sapatos para
conseguir abrir suas asas.
É isso mesmo,
Aurora conseguira prender a borboleta!
Aurora virou-se
na direção dos familiares e correu, correu, correu, até que como se exibisse um
troféu mostrou ao avô o quão esperta ela tinha sido. Ela havia conseguido
atingir seu objetivo. Agora tinha pra si a borboleta mais bela que conheceu.
Seu avô,
pacientemente, disse:
- Minha neta
querida, não faça isso! Você tirou o que esse serzinho tem de mais precioso: A
LIBERDADE DE VOAR! A liberdade de explorar diferentes lugares.
E continuou:
- A atitude mais
certa neste momento é soltar essa linda borboleta e devolver a ela a felicidade
que você roubou!
Aurora, muito
sentida e confusa não via nada a ser feito além de obedecer a seu avô. Ela
sabia que seus fios de cabelo branco eram símbolo de sabedoria. Afinal, todos
da família sentavam-se ao seu redor para ouvir suas histórias e conselhos.
Assim, com uma
mistura de sentimentos, Aurora tomou coragem e abriu a caixa de sapatos e
assistiu aquela cena. Assistiu a borboleta sorrir com as asas e tomar seu rumo
novamente.
Aurora fez isso
enquanto ouvia seu avô falar com muita excitação sobre o como ele e seus amigos
militares fizeram bem ao seu país em 1964, em sua opinião.
Hoje, Aurora, é
uma mulher de 30 anos. Ela ainda tenta entender o que seu avô entendia do
conceito de liberdade.....
*Esse texto é uma crônica que reflete o pensamento do autor e tem como intenção única e exclusiva incitar o pensamento de forma ampla e complexa.
Parece que liberdade depende do ponto de vista. Será? Boa crônica, e com toda certeza vale a reflexão.
ResponderExcluirMais uma vez, muito obrigado Aline!
ResponderExcluirFomos libertados do regime comunista no golpe de 64 ( que alguns insistem em chamar de revolução) ou presos em uma ditadura militar? Tenho minhas convicções, que por sinal vão ao encontro às da maioria do povo. MAIORIA, palavra muito usada por quem invoca a plenos pulmões a democracia, mas não seria a democracia uma ditadura da maioria? Excelente texto!
ResponderExcluirVito Furiati
ExcluirObrigado Vito Furiati! Estamos juntos nessas discussões.
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